sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Carta do Cacique Mutua sobre Belo Monte

Carta do Cacique Mutua (dos Povos Xavantes) a todos os povos da Terra
O Sol me acordou dançando no meu rosto. Pela manhã, atravessou a palha da oca e brincou com meus olhos sonolentos. O irmão Vento, mensageiro do Grande Espírito, soprou meu nome, fazendo tremer as folhas das plantas lá fora. Eu sou Mutua, cacique da aldeia dos Xavantes. Na nossa língua, Xingu quer dizer água boa, água limpa. É o nome do nosso rio sagrado. Como guiso da serpente, o Vento anunciou perigo. Meu coração pesou como jaca madura, a garganta pediu saliva. Eu ouvi. O Grande Espírito da floresta estava bravo. Xingu banha toda a floresta com a água da vida. Ele traz alegria e sorriso no rosto dos curumins da aldeia. Xingu traz alimento para nossa tribo.
Mas hoje nosso povo está triste. Xingu recebeu sentença de morte. Os caciques dos homens brancos vão matar nosso rio. O lamento do Vento diz que logo vem uma tal de usina para nossa terra. O nome dela é Belo Monte. No vilarejo de Altamira, vão construir a barragem. Vão tirar um monte de terra, mais do que fizeram lá longe, no canal do Panamá.
Enquanto inundam a floresta de um lado, prendem a água de outro. Xingu vai correr mais devagar. A floresta vai secar em volta. Os animais vão morrer. Vai diminuir a desova dos peixes. E se sobrar vida, ficará triste como o índio.
Como uma grande serpente prateada, Xingu desliza pelo Pará e Mato Grosso, refrescando toda a floresta. Xingu vai longe desembocar no Rio Amazonas e alimentar outros povos distantes. Se o rio morre, a gente também morre, os animais, a floresta, a roça, o peixe tudo morre. Aprendi isso com meu pai, o grande cacique Aritana, que me ensinou como fincar o peixe na água, usando a flecha, para servir nosso alimento.
Se Xingu morre, o curumim do futuro dormirá para sempre no passado, levando o canto da sabedoria do nosso povo para o fundo das águas de sangue. Pela manhã, o Vento me levou para a floresta. O Espírito do Vento é apressado, tem de correr mundo, soprar o saber da alma da Natureza nos ouvidos dos outros pajés. Mas o homem branco está surdo e há muito tempo não ouve mais o Vento.
Eu falei com a Floresta, com o Vento, com o Céu e com o Xingu. Entendo a língua da arara, da onça, do macaco, do tamanduá, da anta e do tatu. O Sol, a Lua e a Terra são sagrados para nós. Quando um índio nasce, ele se torna parte da Mãe Natureza. Nossos antepassados, muitos que partiram pela mão do homem branco, são sagrados para o meu povo.
É verdade que, depois que homem branco chegou, o homem vermelho nunca mais foi o mesmo. Ele trouxe o espírito da doença, a gripe que matou nosso povo. E o espírito da ganância que roubou nossas árvores e matou nossos bichos. No passado, já fomos milhões. Hoje, somos somente cinco mil índios à beira do Xingu, não sei por quanto tempo.
Na roça, ainda conseguimos plantar a mandioca, que é nosso principal alimento, junto com o peixe. Com ela, a gente faz o beiju. Conta a história que Mandioca nasceu do corpo branco de uma linda indiazinha, enterrada numa oca, por causa das lágrimas de saudades dos seus pais caídas na terra que a guardava.
O Sol me acordou dançando no meu rosto. E o Vento trouxe o clamor do rio que está bravo. Sou corajoso guerreiro, não temo nada.
Caminharei sobre jacarés, enfrentarei o abraço de morte da jiboia e as garras terríveis da suçuarana. Por cima de todas as coisas pularei, se quiserem me segurar. Os espíritos têm sentimentos e não gostam de muito esperar.
Eu aprendi desde pequeno a falar com o Grande Espírito da floresta. Foi num dia de chuva, quando corria sozinho dentro da mata, e senti cócegas nos pés quando pisei as sementes de castanha do chão. O meu arco e flecha seguiam a caça, enquanto eu mesmo era caçado pelas sombras dos seres mágicos da floresta. O espírito do Gavião Real agora aparece rodopiando com suas grandes asas no céu. Com um grito agudo perguntou: Quem foi o primeiro a ferir o corpo de Xingu? Meu coração apertado como a polpa do pequi não tem coragem de dizer que foi o representante do reino dos homens. O espírito do Gavião Real diz que se a artéria do Xingu for rompida por causa da barragem, a ira do rio se espalhará por toda a terra como sangue e seu cheiro será o da morte.
O Sol me acordou brincando no meu rosto. O dia se abriu e me perguntou da vida do rio. Se matarem o Xingu, todos veremos o alimento virar areia.
A ave de cabeça majestosa me atraiu para a reunião dos espíritos sagrados na floresta. Pisando as folhas velhas do chão com cuidado, pois a terra está grávida, segui a trilha do rio Xingu. Lembrei que, antes, a gente ia para a cidade e no caminho eu só via árvores.
Agora, o madeireiro e o fazendeiro espremeram o índio perto do rio com o cultivo de pastos para boi e plantações mergulhadas no veneno. A terra está estragada. Depois de matar a nossa floresta, nossos animais, sujar nossos rios e derrubar nossas árvores, querem matar Xingu.
O Sol me acordou brincando no meu rosto. E no caminho do rio passei pela Grande Árvore e uma seiva vermelha deslizava pelo seu nódulo. Quem arrancou a pele da nossa mãe? gemeu a velha senhora num sentimento profundo de dor. As palavras faltaram na minha boca. Não tinha como explicar o mal que trarão à terra. Leve a nossa voz para os quatro cantos do mundo clamou O Vento ligeiro soprará até as conchas dos ouvidos amigos ventilou por último, usando a língua antiga, enquanto as folhas no alto se debatiam.
Nosso povo tentou gritar contra os negócios dos homens. Levamos nossa gente para falar com cacique dos brancos. Nossos caciques do Xingu viajaram preocupados e revoltados para Brasília. Eu estava lá, e vi tudo acontecer.
Os caciques caraíbas se escondem. Não querem olhar direto nos nossos olhos. Eles dizem que nos consultaram, mas ninguém foi ouvido.
O homem branco devia saber que nada cresce se não prestar reverência à vida e à natureza. Tudo que acontecer aqui vai voar com o Vento que não tem fronteiras. Recairá um dia em calor e sofrimento para outros povos distantes do mundo.
O tempo da verdade chegou e existe missão em cada estrela que brilha nas ondas do Rio Xingu. Pronta para desvendar seus mistérios, tanto no mundo dos homens como na natureza.
Eu sou o cacique Mutua e esta é minha palavra! Esta é minha dança! E este é o meu canto!
Porta-voz da nossa tradição, vamos nos fortalecer. Casa de Rezas, vamos nos fortalecer. Bicho-Espírito, vamos nos fortalecer. Maracá, vamos nos fortalecer. Vento, vamos nos fortalecer. Terra, vamos nos fortalecer. Rio Xingu! Vamos nos fortalecer!
Leve minha mensagem nas suas ondas para todo o mundo: a terra é fonte de toda vida, mas precisa de todos nós para dar vida e fazer tudo crescer. Quando você avistar um reflexo mais brilhante nas águas de um rio, lago ou mar, é a mensagem de lamento do Xingu clamando por viver.

Cacique Mutua",
Xingu, Pará, Brasil, 08 de junho de 2011.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Ritmo Acelerado de Treinos


Desde que terminei os compromissos mais importantes relacionados à faculdade e trabalho, estou conseguindo me dedicar mais aos treinamentos de escalada indoor e na rocha. Esta ultima semana foi um exemplo:

Sexta-feira: 25/11/2011
Morro do Finder: Rolou muita escalada esportiva forte nas vias Aedes Egipt 8°b e Rubéula 8°b. Também deu para solar as vias Pernelongo 4° e outro 5° grau mais simples.

Sábado:
Descansar em casa dos treinamentos da semana anterior, deu para fazer um slack de leve.

Domingo:
Corupá: Muita escalada forte no setor do Braço Esquerdo – Corupá. Galera de Curitiba e Jaraguá e Joinville bombando no local. As vias entradas foram Anônima 6° sup uma aquecida e uma cadena equipando, cadena a vista da Lado Negro da Força 6°sup, Processos Anabólicos 7°b  uma entrada bem adrenado pela ultima queda na via, para relembrar os movimentos, a saída da Excluídos 8°b e uma coça da Abonai 8°c.

Segunda-feira:
Academia One: Levei a corda para guiar e fiz um volume de escalada para ganhar resistência. Tava confiante e no astral do dia anterior em Corupá e consegui mandar uma via longa 7ªa, entre outros trabalhos que rolaram na noite um 7°c que resultou em quedas.

Terça-feira:
Academia One: Volume de boulder com diversas linhas diferentes que já tinha mandado. Algumas fazia tanto tempo que não repetia, que me deram trabalho para mandar de novo.

Quarta-Feira:
Academia One: Trabalho de resistência em boulder, parede vertical e top rope. Muitos movimentos escalando e desescalando vias fáceis.

Quinta-feira:
Morro do Finder: Tentativa de escalar as tradicionais vias do morro, Aedes e Rubéula. Mais estava totalmente sem Gás
.
Sexta-feira: 2/12/2011
Descansar os dedos metralhados.






Namastê

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Escaladinhas no Morro do Finder


Na sexta feira passada no feriado dos funcionários públicos, o dia estava ensolarado e lindo, mas infelizmente não havia nada para se fazer. Coincidentemente a galera foi se comunicando e o ponto de encontro foi no Morro do Finder para escalar, trocar idéias e aliviar a tensão da cidade. A galera foi se chegando durante toda à tarde, um pessoal muito alto astral com o objetivo de Paz e escalada.















sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Vandalismo no Parque Caieras

Todas sexta feira quando tenho um tempo livre do trabalho costumo pedalar até o Parque Caieras para descansar, ler um livro e curtir a natureza. Algumas semanas atrás fui até o local e logo na entrada do Parque, encontrei um grupo de estudantes com uma média de 15 anos de idade. Achei interessante a presença deles no parque e inicialmente gostei pois é muito  melhor para um jovem estar em contato com natureza, dentro de um parque de preservação que abriga grande conhecimento cultural, do que estar na rua podendo ter más influencias. Após iniciar uma das trilhas do Parque comecei a mudar de idéia, percebi que os jovens não paravam de gritar palavras de baixo calão e estranhei a atitude dos jovens. Ao continuar a trilha sentido Caieras fundos notei que a segurança do Parque estava passando de moto para cima e para baixo, algo que não é normal para um parque pouco visitado e muito calmo. Ao chegar nos fundos do Parque fui advertido por um dos seguranças para não continuar a visitação pois toda a estrutura do Caieras havia sido destruída por vândalos, os próprios estudantes que encontrara na entrada. Fiquei impressionado e ao mesmo tempo triste com  tamanha destruição, pouca coisa sobrou sem ser depredado, desde banheiros até mesmo sala de pesquisa. Parecia que um furacão tinha acabado de passar pelo local. Resumindo o passeio que era pra ser um lazer prazeroso se tornou em frustração e revolta. Ao chegar em casa tentei ligar para a escola responsável pelos visitantes mas não tive êxito.
Não entendi o que se passou pela cabeça destas crianças pois nada justifica a atitude de destruir um patrimônio público cultural, nem mesmo o verdadeiro motivo pelo qual foram dispensados dos estudos no colégio. Desde pequeno sempre estudei em escola pública e sei que o ensino é bom e de qualidade e mesmo assim nunca tive nenhuma atitude semelhante ao caso ocorrido, o que tira a responsabilidade da escola pelas atitudes de vandalismo. Acredito que a educação vem de casa, com os próprios pais e familiares atuando na formação dos novos cidadãos que estão por vir. Isso é uma questão cultural do povo brasileiro, fazer o filho sem saber no que vai dar e depois ver o que vai acontecer, algo que passa de pai para filho e é um exemplo para todos pensarem e refletirem, sobre o futuro da sociedade que nos espera.

Segue Links do acontecimento:


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Pedalada nas Cascatas do Piraí

Neste feriado de Nossa Senhora e Dia das crianças, fomos dar uma pedalada até as cascatas do Piraí.
Eu e meu primo Leonardo completamos 60km de pedalada e mais uma caminhada leve nas trilhas que levam as cachoeiras. O acesso é feito pelo bairro Vila Nova, seguindo reto até o final da estrada comprida.
O tempo continua feio e com chuva, mas mesmo assim valeu muito a pena por que o lugar traz muita paz interior e belezas naturais para explorar.

Segue as Fotos:


 



Namastê

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Primavera no Monte Crista

Este Final de semana rolou um bate e volta no Monte Crista, saimos de bike no sábado pela manhã com destino a montanha. Foram 80km de pedalada e mais 4 horas de subida até chegar a cabeluda, um breve descanso e mais uma hora de caminhada até a pedra do picolé. Um bom tempo apesar de não ter feito o cume pois estava muito fechado de cerração. Muitas nuvens baixas atrapalharam um pouco o visual, mas valeu muito a pena por que a primavera chegou com força nos campos. Diversos animais, flores e formas de vida bombando na montanha.

Segue as Fotos: